O início da safra de cana-de-açúcar deve contribuir para a queda do preço do etanol nos postos de combustível do país. Segundo usineiros e distribuidores, só a partir de maio, porém, o preço do combustível deve voltar a ser competitivo ante a gasolina.
A redução dos preços deve ocorrer apesar da queda da produção do combustível prevista para a próxima safra. Segundo projeções divulgadas pela União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), o Centro-Sul deve produzir 4,11% menos etanol hidratado nesta safra.
Mesmo assim, serão postos no mercado 17,2 bilhões de litros do combustível. “O etanol vai ser produzido e vai precisar ser vendido. O preço na bomba vai ter que cair para que o consumidor volte a usar o etanol”, explicou o diretor técnico da Unica,
O preço do álcool anidro (misturado à gasolina) nas usinas bateu recorde histórico, de acordo com série iniciada em 2000 pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz).
O valor alcançou R$ 1,9230 o litro na última semana (descontada a inflação e sem impostos), com valorização de 24% ante a semana anterior.
Já o reflexo da valorização pode ser sentido nas bombas. O preço médio da gasolina nas últimas semanas valorizou 2,34% na região sudeste, chegando a R$ 2,62 o litro, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível).
Na região centro-oeste, a valorização do combustível foi de 3,21%, comercializado ao preço médio de R$ 2,89 o litro.
Segundo a pesquisadora Ivelise Bragato, a valorização ocorreu por causa da alta acentuada no álcool hidratado e o aumento da demanda na entressafra da cana-de-açúcar.
“Foi um movimento de mercado, caracterizado pela migração dos consumidores para a gasolina em função do preço do etanol hidratado no período em que a produção está baixa”, disse.
Segundo o levantamento do Cepea, o etanol hidratado alcançou R$ 1,63 o litro nas usinas, com elevação de 9,24% no mesmo período. Descontada a inflação, esse valor fica atrás apenas das médias semanais de março de 2006.
Em Mossoró não compensa abastecer com álcool pois é praticamente o mesmo preço da gasolina.
Num negócio avaliado em cerca de R$ 3 bilhões, a Petrobras fez oferta de compra de 40% da ETH, empresa da Odebrecht no segmento de álcool combustível. Em concorrência com petroleiras internacionais, a estatal visa a liderança do mercado brasileiro de etanol. A íntegra da reportagem, assinada por Leila Coimbra, está disponível aqui para assinantes da Folha e do UOL.
Com o dinheiro da Petrobras, a vice-líder ETH pode se tornar nos próximos anos a maior produtora global de álcool –posição que atualmente pertence à Cosan, empresa que conta com a participação da anglo-holandesa Shell. A inglesa BP é outro concorrente de peso.
Petrobras e Odebrecht não comentaram o negócio. Essa não é a primeira sociedade da estatal com a empreiteira. Juntas, formaram uma gigante na área petroquímica, têm parceria em fábrica de plástico verde e participam de projeto de mega-alcoolduto.
O plano de investimento da ETH rumo à liderança prevê a aplicação de R$ 3,5 bilhões até 2012, ano em que as nove usinas do grupo devem estar em operação.
Multinacionais como a Shell e a BP foram mais rápidas que a Petrobras e investiram antes no setor de álcool nacional.