A inflação continua preocupante. O governo insiste que o índice de preços IPCA vai rumar do nível atual (acima de 5%) para a meta prevista para este ano (4,5%). Há dúvidas no mercado financeiro a respeito dessa trajetória: a taxa de desemprego segue muito baixa, e a oferta de crédito ainda deve crescer um pouco mais neste ano.

Essa combinação sugere que os consumidores ainda devem continuar frequentando em peso lojas e supermercados, animando novos reajustes de preços.

Ao mesmo tempo, há expectativas de que o país cresça um pouco mais neste ano, mas ainda em níveis insatisfatórios para o governo. “Caso o crescimento continue decepcionando, é quase certo que novas medidas [do governo] virão”, dizem os economistas José Pena e Rafael Santos, da área de investimentos da Porto Seguro, em relatório publicado em dezembro.

Uma dessas novas medidas pode ser, acredita uma parcela dos economistas, a redução da taxa básica de juros (a chamada taxa Selic), hoje em 7,25% ao ano. Essa taxa serve de referência para o custo dos empréstimos a empresas e consumidores. Quando o o governo quer estimular o crescimento, procura rebaixar a Selic.

À semelhança de outros especialistas, ambos ainda veem um cenário de crescimento “robusto” do consumo ainda neste ano. Em tese, ações de empresas ligadas ao setor de varejo ainda continuam a ser as mais indicadas para 2013. Papéis de bancos, que lucram com o crescimento do consumo (quando aumenta a procura por empréstimos), também podem ser favorecidos. Em ambos os casos, um dos maiores riscos está no nível ainda alto de inadimplência entre os compradores.

Os rumos da economia mundial

 

Um dos principais argumentos do governo para justificar sua expectativa de uma inflação mais tranquila em 2013 é a fraqueza da economia mundial. Com a percepção de que as maiores economias do mundo vão continuar crescendo pouco neste ano, os empresários têm menos estímulo para reajustar (muito) os preços de seus produtos.

Nesse ponto, muitos especialistas concordam com a visão negativa das autoridades econômicas brasileiras: há muito pouco otimismo em relação ao crescimento esperado para os EUA e Europa.Mas, passado o susto das negociações sobre o “abismo fiscal”, há um pouco mais de bom humor dos analistas a respeito do gigante americano.

A resolução do abismo fiscal nos EUA e uma negociação bem sucedida de ajuda para a Espanha podem ajudar em melhora gradual dos negócios e do consumo em nível mundial ao longo deste ano, avaliam os especialistas do Bank of America, em relatório sobre as perspectivas para 2013.

Europa, a maior preocupação para 2013

 

A Europa ainda é a maior preocupação dos especialistas. Os esforços das autoridades europeias para manter o bloco unido em torno da moeda comum (o euro) e ajudar os países em pior situação financeira mereceram muitos elogios.

Não há, no entanto, a percepção de que “o pior já passou”. Existem sérias dúvidas de como as nações do Velho Continente vão fazer o balanço entre medidas para controlar os rombos nas contas públicas (as políticas de austeridade) e as medidas para estimular o crescimento.

O banco de investimentos americano Morgan Stanley ainda considera “concebível” uma quebra da zona do euro (que reúne os países que usam o euro), uma das maiores preocupações ao longo de 2012, possivelmente com a saída da Grécia.

Em síntese, a mensagem é a seguinte: para quem investe em Bolsa, a Europa ainda vai ser motivo para novos dias de variações bruscas nos preços das ações.

A China ainda deve crescer fortemente neste ano e no próximo, avaliam especialistas, embora não no ritmo visto na última década, quando a economia do gigante asiático avançou a passos de 10%.

A Bolsa de Valores e a alternativa dourada

A melhora da economia mundial é um fator importante para a trajetória da Bolsa brasileira, onde os investidores estrangeiros são responsáveis por cerca de um terço dos negócios. Com mais confiança na trajetória dos EUA e dos países europeus, os investidores podem sair um pouco dos títulos públicos americanos (onde está boa parte do dinheiro) e migrar para ações, inclusive das economias emergentes, como o Brasil.

Por fim, o ouro foi mencionado por vários especialistas de bancos e corretoras estrangeiros. Como os governos dos países ricos despejaram toneladas de dólares (e euros) em suas respectivas economias, alguns investidores temem que, em algum momento, essa enxurrada de dinheiro comece a pressionar a inflação. Nesse caso, o metal é historicamente procurado como um “porto seguro” pelos poupadores mais preocupados com o ritmo de ajuste dos preços. Mas essa opinião não é unânime: o Credit Suisse avalia que, com a possível melhora da economia mundial no segundo semestre, o apelo do metal diminua.

Informações do Portal UOL