Na corrida para implementar agenda positiva e instituir um marco para os 100 dias de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, em dois meses de gestão, uma série de medidas que geram impacto de mais de R$ 21 bilhões no orçamento federal previsto para 2023, segundo dados oficiais.

Desde a semana inicial do governo, Lula tem pressionado os ministros a listarem as prioridades de cada pasta, a serem efetivadas nos primeiros 100 dias de mandato. A ideia é divulgar as ações prometidas durante a campanha eleitoral e garantir que parte dos anúncios mais concretos sejam executados ainda neste semestre.

Entre os temas cobrados pelo presidente, estão:

  • aumento no valor repassado para a compra de merenda escolar;
  • retomada de obras paralisadas nas áreas de saúde e educação;
  • fim das filas no Sistema Único de Saúde (SUS); e
  • restabelecimento do programa Farmácia Popular.

Para além desses assuntos, o presidente anunciou, nos últimos dois meses, as seguintes medidas:

  • reajuste do salário mínimo (com impacto de R$ 4,8 bilhões);
  • correção da tabela do Imposto de Renda (impacto de R$ 3,2 bilhões);
  • reajuste dos servidores (impacto de R$ 11,2 bilhões); e
  • reajuste de bolsas de pesquisa (impacto de R$ 2,4 bilhões).

Salário mínimo

No último mês, o presidente Lula confirmou que o governo vai reajustar o valor do salário mínimo dos atuais R$ 1.302 para R$ 1.320, a partir de maio. Na ocasião, ele disse que será retomada a política do piso usada em governos petistas, que leva em conta o reajuste da inflação, mais o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Antes da confirmação do petista, porém, não havia uma ideia definida sobre o assunto. Em janeiro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o pagamento estava em estudo, pois o salário mínimo é atrelado ao valor repassado para as aposentadorias e que houve represamento na concessão delas na gestão Bolsonaro. Segundo Costa, isso tem impacto no reajuste do mínimo.

Imposto de Renda

Também em fevereiro, o Palácio do Planalto anunciou que vai elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para trabalhadores que recebem até dois salários mínimos, ou seja, R$ 2.640. Atualmente, a faixa de isenção do IR considera remuneração de até R$ 1.903,98 mensais. Segundo Lula, a isenção de quem recebe até R$ 5 mil, conforme prometido na campanha eleitoral, vai ocorrer de forma gradual.

Segundo o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, 13,7 milhões de pessoas deixarão de pagar Imposto de Renda a partir de maio por causa dessa medida. O número representa cerca de 40% do total de contribuintes. Com a proposta, o governo deixará de arrecadar R$ 3,2 bilhões neste ano, considerando que a medida entrará em vigor a partir de maio.

Servidores

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos propôs, há duas semanas, reajuste linear — ou seja, a todos servidores do Executivo federal — de 8% a partir de março deste ano. O percentual tem sido rejeitado pelas centrais sindicais, que pedem nova rodada de negociação, ressaltando que os salários dos servidores federais estão congelados há seis anos.

Na ocasião, o governo propôs à categoria reajuste linear de 7,8% e aumento no vale-alimentação de R$ 200. Se a proposta tivesse sido aceita na ocasião, passaria a valer já neste mês e causaria impacto de R$ 11,2 bilhões nas contas públicas.

As centrais sindicais apresentaram contraproposta de 13,5%. Sem aceitar de imediato, o governo solicitou mais tempo e se comprometeu a levar à mesa de negociação novo percentual de reajuste. O novo encontro deve ocorrer nos próximos dias.

Bolsas de pesquisa

O governo federal também reajustou o valor das bolsas pagas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entidade ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações a fim de incentivar a pesquisa no Brasil.

Congeladas há 10 anos, as bolsas de estudo de graduação, pós-graduação e iniciação científica, além da Bolsa Permanência, foram reajustadas entre 25% e 200%. As correções foram uma promessa de campanha de Lula e começaram a valer em fevereiro.

“Os reajustes das bolsas implicam aporte de R$ 2,38 bilhões em recursos do Ministério da Educação e do Ministério da Ciência e Tecnologia. Investimentos que vão suprir instituições como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)”, informou o Palácio do Planalto em nota.

Metrópoles

Rosângela da Silva, a Janja, que já participa de eventos e reuniões envolvendo Lula e despacha diariamente no Palácio do Planalto, agora terá um cargo oficial no governo, informa a Folha.

Socióloga, a primeira-dama passará a chefiar o Gabinete de Ações Estratégicas em Políticas Públicas. “A ideia é que o cargo seja de articulação política entre diferentes áreas da Esplanada e de aconselhamento ao presidente da República”, escreve o jornal paulistano.

Segundo o governo, o cargo não será remunerado —uma vez que a lei impede que familiares do presidente trabalhem no Planalto—, e seu papel será de aconselhamento a Lula, sem “proposição ou execução de políticas públicas”.

Janja despacha no terceiro andar do palácio, o mesmo do gabinete do marido, e já colocou na sua sala uma placa com o nome do novo cargo.

O Antagonista 

 

Charge do Zé Dassilva: Orçamento secreto - NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Por Carlos Andreazza / O Globo

A manchete de um grande jornal informou: “Governo Lula abre mão de verba para Lira distribuir emendas até a deputados de oposição”. Poderia ter simplificado: “Orçamento secreto continua”. Talvez pusesse uma pimenta: “Novo governo mantém prática do antigo”. Quem sabe dando nome aos bois: “Governo Lula dá sequência a esquema de Bolsonaro”. (E, então, o jornal seria cancelado. Como ousou equivaler o garantidor da democracia ao capiroto?)

Nada mudou, afinal. (Calma. Nada mudou em matéria de orçamento secreto.) Sufocada a rubrica RP9, que classifica a emenda do relator, a gestão autoritária do orçamento da União driblou o Supremo e migrou à RP2, mantida a falsa administração dos recursos pelos ministérios.

NOVAS FACHADAS – O orçamento era secreto porque movido por detrás de fachadas. As fachadas se deslocaram — para que o trânsito orçamentário permaneça na mão obscura de poucos senhores.

Lembro que a Lei Orçamentária Anual de 2023 veda o cancelamento — sem o aval do relator-geral — de dotações de despesas discricionárias que decorram de indicações do… relator-geral. Ficou tudo amarrado, conforme distribuição dos bilhões definida — sob indicação do relator — quando ainda vigorava o uso pervertido das emendas… do relator.

Não é, portanto, que Lula tenha aberto mão de verba para Arthur Lira distribuir até a deputados de oposição. O governo simplesmente não tem o que fazer. Longe, porém, de ser vítima.

ACERTO NA TRANSIÇÃO – A forma como os dinheiros do orçamento secreto — como os usos desses dinheiros — foram remanejados-recompostos derivou de acordo que desamarrou a aprovação da PEC da Transição. Lira e sócios mandam o Planalto pagar — e o Planalto paga. Daí por que contemplados também — como na época das emendas do relator — parlamentares de oposição.

Não por gentileza de Lula. Mas porque Lira e o consórcio que lidera querem, em nome de interesses corporativistas. Ao governo cabendo controlar, em troca de votos nas matérias de seu interesse, o tempo das liberações. Ficam todos felizes, todos comprometidos entre si.

Nada mudou. É preciso avaliar a natureza dessa continuação de práticas. É preciso também avaliar o uso do discurso de “não criminalização da política” como fachada para que avanços patrimonialistas sobre a superfície do Estado se perpetuem.

JOGO VICIOSO – Governos democráticos oferecem espaços na administração para que aliados participem da gestão. É do jogo. No entanto que jogo fazem governos democráticos que oferecem espaços na administração para que aliados pretendidos continuem gerindo viciosamente as mesmas superfícies corrompidas durante o período que o discurso democrático afirma querer superar?

O problema não está em dividir cargos — em partilhar o poder. Está em sustentar o esquema de poder lesivo que vigorou no governo Bolsonaro. O que significará Juscelino Filho ser ministro de Lula, senão o reconhecimento — o elogio — à capacidade de o orçamento secreto eleger novos poderosos?

Nada mudou. Veja-se o caso da Codevasf. É propriedade, desde o governo Bolsonaro, do deputado Elmar Nascimento. E assim permanecerá; a Elmar cabendo decidir se manterá o atual presidente da companhia, cujo alargamento fez com que os vales do São Francisco e do Parnaíba chegassem até o Amapá do rio Alcolumbre, esse grande afluente.

ORÇAMENTO SECRETO – A Codevasf de Elmar, que é Lira, foi — sob Bolsonaro — a arena preferencial para o espetáculo do orçamento secreto. Assim seguirá. Seguirão as irregularidades? Seguirão as irregularidades identificadas no governo Bolsonaro, mantida a mesma cadeia de comando na empresa? Poderá ser diferente?

Apurações da Controladoria-Geral da União documentaram a transformação da companhia em fábrica de pavimentação Brasil adentro, com asfalto que esfarela como farinha. Mesmo no Amapá. É um complexo perfeito de interesses alcolúmbricos.

A Codevasf, musa do orçamento secreto, fica com Elmar, que é Lira, em troca do apoio do União Brasil, que apoia ninguém — e quer mais sudenes. Que tal? Não haverá miragem maior que esperar o apoio de um partido que não existe, mas tem votos. Uma máquina de barganha — ou chantagem.

PARTIDOS-PERSONAS – O União Brasil é uma federação de partidos-personas. Elmar é um. Davi Alcolumbre, um. Luciano Bivar, outro. Há outros. O governo entrega, entrega pavimentação, pensa se acercar do oásis, mas o deserto come o asfalto e pede mais e mais chão — mais areia. O governo entrega. O União, farinha, escapa entre os dedos, a cada votação demandando um novo Dnocs. Vale?

Não é somente investimento corruptivo, autoritário e caro. Mas corruptivo, autoritário, caro e inócuo. Areia — farinha — não faz base. A grande questão, contudo, impõe-se mesmo à burrice da escolha contraproducente: se Bolsonaro, o sete-peles, entregou as codevasfs aos cuidados do consórcio Lira, em que página ficará o governo Lula ao manter os vales sob controle da República de Elmar?

Foto: ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL

 

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), passou por uma ressonância magnética neste sábado (25) em um hospital de Brasília. Segundo a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência, o chefe do Executivo fez um exame de imagem na região do quadril.

“O presidente realizou uma ressonância magnética no quadril, programada para acompanhamento da fisioterapia, dos exercícios que vem fazendo. Já está no Alvorada”, informou a Secom.

Desde o início do ano, o presidente recebe tratamento médico por causa de uma bursite nos membros inferiores. A bursite é a inflamação da bursa, uma pequena bolsa de líquido que reduz o atrito entre as articulações.

A bursite está associada ao movimento repetitivo, pancada nas articulações e até envelhecimento. O tratamento costuma ser feito com repouso, compressas frias, anti-inflamatórios e fisioterapia.

R7

TRIBUNA DA INTERNET | “Políticas sociais” são a senha para Lula entrar na montanha de dinheiro à espera das canetas

Charge do Erasmo (Arquivo Google)

Por Bernardo Mello Franco / O Globo

A frase ganhou as manchetes e causou revolta entre padres e bispos. Líder do Centrão na Constituinte, o deputado Roberto Cardoso Alves exigia mais cargos no governo para aprovar a extensão do mandato de José Sarney. Ao defender a barganha, citou um trecho da Oração de São Francisco de Assis. “É dando que se recebe”, disse, em janeiro de 1988.

Trinta e cinco anos depois, o deputado Luciano Bivar reciclou a máxima de Robertão. Na terça-feira, o presidente do União Brasil fez uma série de cobranças para apoiar projetos enviados pelo Planalto. Sem corar, subordinou os votos na Câmara à entrega de cargos na máquina federal. “Quanto mais espaços tivermos no governo, mais apoios poderemos garantir”, declarou.

LISTA DE COMPRAS – Em entrevista ao Globo, Bivar apresentou uma espécie de lista de compras. Reivindicou a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Os três órgãos são mais disputados do que muitos ministérios. Movimentam bilhões de reais por ano e têm presença assídua no noticiário de corrupção.

Lula se elegeu sem maioria no Congresso. Precisa ampliar sua base para governar. A negociação de cargos faz parte da política. O problema é quando descamba para a chantagem explícita. O presidente entregou já três ministérios ao União Brasil: Turismo, Integração Nacional e Comunicações.

TRÊS MANCADAS – Por sua conta e risco, aceitou nomear Daniela Carneiro (Daniela do Waguinho), que mantém elos com milicianos da Baixada Fluminense, e Waldez Góes, condenado pelo STJ por desvios no Amapá. Completa o trio o ministro Juscelino Filho, que usou verbas do orçamento secreto para asfaltar a estrada que passa por sua fazenda no Maranhão.

Apesar de ter abocanhado as três pastas, o União Brasil não saciou seu apetite. Quer mais cargos no segundo e terceiro escalões do governo. Bivar não deve levar tudo o que deseja, mas seu partido já foi avisado de que manterá o comando da Codevasf. O órgão continuará sob as ordens de um preposto do deputado Elmar Nascimento.

CONTROLE TOTAL – O líder do União Brasil na Câmara começou a controlar a Codevasf em 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro. Desde então, auditorias do Tribunal de Contas da União e da Controladoria-Geral da República apontaram diversas irregularidades: de indícios de superfaturamento a obras de pavimentação que desmancham com a chuva. Ao manter o órgão nas mãos do mesmo grupo político, Lula assume o risco de virar sócio de novos escândalos.

Quando Robertão tentou envolver São Francisco em seu cambalacho, o bispo de Juazeiro lembrou que a oração não tratava da troca de cargos por apoio político. “Os benefícios e o dinheiro são do povo, não podem ser barganhados dessa maneira”, disse dom José Rodrigues. Os articuladores do novo governo deveriam ouvir o bispo antes de negociar com a dupla Bivar & Elmar.

Foto: RICARDO STUCKERT

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse nesta terça-feira (14) que vai trocar servidores comissionados vinculados ao governo federal que sejam apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O chefe do Executivo reclamou que há “infiltrados às pencas” nos ministérios e que isso tem atrapalhado os trabalhos da gestão dele.

“Nós estamos há apenas 40 dias no governo. A gente ainda nem conseguiu montar as equipes que tem que montar. Porque nós temos que tirar bolsonarista que está lá escondido às pencas”, afirmou Lula.

Desde o início do ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem sido acionado por servidores que foram nomeados para cargos no governo federal durante a gestão de Bolsonaro, mas que acabaram exonerados das funções pela equipe de Lula.

Segundo o petista, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, está responsável por fazer o pente fino e trocar quem seria apoiador de Bolsonaro. “A responsabilidade de tirar é do Rui Costa. É ele que tem que assinar as medidas para tirar aquela gente que está infiltrada dentro do nosso governo.”

As falas do presidente aconteceram em evento na Bahia que marcou o lançamento de uma nova versão do programa Minha Casa Minha Vida.

R7

Sinais enviados de parte a parte, ontem, indicam um movimento de reaproximação e uma “bandeira branca” estendida entre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Integrantes da área econômica do governo viram gestos de paz e um tom conciliatório com a gestão Lula na entrevista dada pelo presidente do BC ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite de segunda. As informações são do blog da Ana Flor.

Logo no início da entrevista, Campos Neto tentou desanuviar a imagem de “bolsonarista” que vem incomodando diretamente o presidente Lula, como relataram ao blog assessores no Planalto. Campos Neto mandou várias mensagens que foram bem recebidas:

  • explicou sua participação em um grupo de mensagens de ministros de Jair Bolsonaro como “ajuda técnica” – e chegou a dizer que fez amigos no governo Bolsonaro e espera fazer amigos no atual governo;
  • fez um mea culpa por ter ido votar nas eleições de 2022 vestido com camisa verde-amarela – praticamente um uniforme de apoiadores de Bolsonaro –, afirmando que não ajudou num momento de polarização do país;
  • e, mais forte ainda, disse estar disposto a encontrar o presidente Lula para explicar a taxa de juros e afirmou que a eleição não pode ser questionada.

As mensagens, segundo integrantes do governo, foram de paz. Do outro lado, Lula esteve em evento do PT e, se a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, criticou fortemente a política de juros altos, não houve qualquer ataque de Lula. O presidente da República preferiu olhar para frente.

Foto: PEDRO FRANÇA/ AGÊNCIA SENADO

Nove deputados deferais pediram ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Controladoria-Geral da União (CGU) que investiguem uma compra sem licitação de 11 móveis no valor de R$ 379 mil feita pela Presidência da República.

No dia 3 de fevereiro, o governo federal publicou no Diário Oficial da União (D.O.U.) o extrato de dispensa da abertura de edital para a aquisição dos objetos. Segundo a Presidência, a compra sem licitação foi necessária por se tratar de um caso de emergência ou calamidade pública. O texto divulgado no D.O.U., contudo, não apresentou detalhes do que de fato foi comprado nem dos locais onde os móveis foram instalados.

Nos ofícios enviados ao TCU e à CGU, os deputados destacam que “causa preocupação o fato de a Presidência da República ter desembolsado quase R$ 400 mil para adquirir apenas 11 móveis, sem divulgação pública a respeito de quais são estes móveis, quais suas características, para qual residência eles foram destinados e o que justificaria o gasto de valores tão significativos, tudo isso enquanto a sociedade brasileira sofre com desemprego, alta nos juros e endividamento”.

Os parlamentares questionam a explicação dada pela Presidência para comprar os móveis e dizem que a situação apresentada até o momento não parece se enquadrar como
emergencial nem comprometedora da segurança de pessoas ou obras. Além disso, eles cobram a apuração sobre a dispensa de licitação.

De acordo com os deputados, se for constatada alguma ilegalidade, o erro pode ser enquadrado como improbidade administrativa em razão de dano ao erário e também em um crime previsto no Código Penal que pune com multa e prisão de quatro a oito anos quem admite, possibilita ou dá causa a contratação direta fora das hipóteses previstas em lei.

Para os parlamentares, é estranho o governo gastar “milhares de reais com alguns poucos bens de luxo para uso pessoal da Presidência da República, sem explicar por que a aquisição desse bens não poderia ter sido feita de acordo com a regra e não a exceção, isto é, por meio de licitação pública em que se apurariam as propostas com critérios como melhor preço, maior desconto, melhor técnica e maior retorno econômico”.

Confira a lista dos deputados que assinaram os ofícios:

– Adriana Ventura (Novo-SP)
– Alfredo Gaspar (União-AL)
– Deltan Dallagnol (Podemos-PR)
– Gilson Marques (Novo-SC)
– Kim Kataguiri (União-SP)
– Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP)
– Marcel Van Hattem (Novo-RS)
– Maurício Marcon (Podemos-RS)
– Pedro Aihara (Patriota-MG)

R7

Passado mais de um mês desde o início do governo, a equipe ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não fechou todas as nomeações para cargos de segundo e terceiro escalão.

Às vésperas de o Congresso Nacional iniciar a discussão de projetos de interesse do governo, como a reforma tributária e as medidas provisórias editadas por Lula, o Palácio do Planalto tem intensificado as articulações com os partidos para preencher as vagas restantes nos ministérios e definir quais siglas ficarão com o comando das estatais.

O último esforço para distribuir cargos e fortalecer a base aliada do governo no Congresso ocorreu durante as negociações para reeleger Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como presidente do Senado, mas ainda há muitos espaços de direção vagos na Esplanada e em empresas estatais. As informações são do Metrópoles.

Na última semana, Lula fez a primeira reunião do conselho político desde que deu início ao seu terceiro mandato como presidente. Na ocasião, pediu que ministros e líderes do governo no Congresso destravem as nomeações para dar fôlego ao Planalto na volta dos trabalhos legislativos, logo após o feriado.

Ministros têm tido “carta branca” para definir os principais cargos de suas pastas, como o de secretário-executivo e o de chefe de gabinete. Outros nomes, porém, precisam do aval da Casa Civil. Auxiliares palacianos reconhecem certa demora na definição das nomeações, mas julgam o cenário como “natural”, dado que o governo tem pouco mais de um mês.

No Ministério do Trabalho, por exemplo, apenas um dos secretários havia sido nomeado até o fim da última semana – e ele não faz parte dos acertos políticos para o fortalecimento da base. Trata-se do ex-ministro petista Gilberto Carvalho, que será secretário Nacional de Economia Popular e Solidária. Outras secretarias, como a de Inspeção do Trabalho, que tem o importante papel de coibir o trabalho análogo à escravidão no país, seguem vagas e estão sendo negociadas.

Comando de estatais

Enquanto o Planalto tenta bater o martelo sobre os nomes que integrarão cargos de secretarias, os partidos interessados na disputa brigam por mais espaço no time do presidente e no comando de estatais.

Na lista de estatais vagas estão:

  • o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE);
  • o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs);
  • o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit);
  • a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene);
  • a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam);
  • os Correios;
  • o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); e
  • a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Siglas do centro têm reclamado do “apagão” das nomeações, como a situação tem sido chamada entre aliados e interlocutores. Parlamentares do Centrão também têm criticado as demandas impostas pelo PT para comandar estatais.

O partido do presidente Lula foi o mais beneficiado na montagem do primeiro escalão do governo. Ao todo, dirigentes do PT comandam 10 pastas da Esplanada dos Ministérios, entre elas a Casa Civil, chefiada por Rui Costa, e o Ministério da Fazenda, que tem Fernando Haddad como chefe da equipe econômica.

Apesar de ser maioria na Esplanada, o PT tem reivindicado espaço da Codevasf, que também é cobiçada pelo União Brasil, de Elmar Nascimento. O partido indicou três nomes para a equipe ministerial de Lula, conseguindo o comando dos ministérios da Integração e Desenvolvimento Regional; do Turismo; e das Comunicações.

O União, porém, não garante amplo apoio ao governo Lula no Congresso e quer negociar mais cargos. Além da Codevasf, a sigla mira o comando da Sudene.

PP e Republicanos

Responsável pela articulação política com o Legislativo, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, tem intensificado conversas com dirigentes do PP, de Arthur Lira (AL), e do Republicanos, de Marcos Pereira (ES).

As duas siglas ajudaram a compor a base do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso durante a gestão passada. Segundo interlocutores, porém, partidos têm se mostrado dispostos a fazer aliança com o governo Lula para aprovar pautas prioritárias em troca de espaço na administração petista.

Lula trabalhou pela reeleição de Lira para a presidência da Câmara e, por isso, quer apostar nessa relação para construir aliança com o PP. A ideia do Planalto é investir na manutenção de cargos ocupados por dirigentes do partido que hoje comanda, por exemplo, o Dnocs.

Para atrair o Republicanos para a base do governo, Lula endossou acordo feito por Lira ainda em 2021 para que Jhonatan de Jesus fosse indicado para uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU). O nome do parlamentar foi aprovado pelo Senado na última semana por 72 votos favoráveis, dois contra e uma abstenção.

Foto: CJPress / Agência O Globo

O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga diz que Luiz Inácio Lula da Silva não é o único no Brasil a considerar que os juros estão elevados, mas afirma que a instituição precisa de ajuda para melhorar condições da economia e avançar para uma queda nas taxas.

Segundo Fraga, com quem conversei hoje, “é inegável” que os juros são altos, mas a solução para tentar reduzi-los não passa por dar declarações que reduzem a confiança dos agentes econômicos na capacidade do governo de manejar de forma responsável as contas públicas.

“As taxas de juros são mesmo uma questão, o Brasil é um ponto fora da curva. Mas para mim está mais ou menos claro que se o Banco Central, sozinho, não está conseguindo dar conta – ou até está, mas está custando muito caro – isso quer dizer que ele precisa de uma ajuda fiscal do governo”, diz.

Para ele, os ataques de Lula ao BC e seu presidente, Roberto Campos Neto, provocam muitas dúvidas em relação à disposição do governo de manter a disciplina fiscal.

“Dar um apoio amplo a medidas dessa natureza teria um efeito importante sobre a credibilidade da política econômica, que reduziriam o prêmio de risco (sobre os títulos da dívida brasileira) e ajudaria na valorização do real frente ao dólar. Mas o que a gente está vendo é uma ameaça de voluntarismo, que é Dilma.2, que está fadada ao insucesso, e que pode atrapalhar tudo de bom que esse governo pode fazer”.

Para Fraga, que comandou o Banco Central durante o governo de Fernando Henrique Cardoso e hoje é gestor do Gávea Investimentos, a reação do presidente da República ao comunicado do Copom que citava uma “incerteza maior do que o habitual” no âmbito da política monetária foi fruto de interpretação errada.

“O correto (seria entender que) apesar do esforço de Haddad em promover um ajuste, todo o estrago que foi feito pelo atual presidente com as suas declarações vai na direção contrária. O que ele diz tem peso, e não ajuda a eliminar a impressão geral de que o atual governo não tem uma convicção firme em relação à importância da disciplina fiscal”.

O ex-presidente do BC não está entre os gestores e investidores que consideram que as declarações de Lula são arroubos retóricos que poderão ser contidos pela equipe econômica. “Isso é sério, e inclusive contradiz o que Lula disse na campanha, que era ‘não se preocupe, que em todos os meus governos eu tive superávit primário’, e agora não há um compromisso formal com o superávit. Esse compromisso tem que existir”.

Fraga, que defende a independência do Banco Central, reconhece que Roberto Campos Neto merece críticas por ter se alinhado politicamente ao bolsonarismo. “Foi uma pena ele ter tomado certas atitudes, mas não vamos confundir as coisas. Eu não tenho porque achar que ele vai tomar medidas equivocadas de propósito para punir esse governo. Isso é de um nonsense completo”.

O ex-dirigente do BC diz que dá mais valor do que muitos de seus colegas ao ajuste que Haddad se comprometeu a fazer. “Acho que é um primeiro passo. Mas ainda deixa o saldo primário negativo em 1% mais ou menos, quando deveria ir para um superávit de no mínimo 2%”.

Chegar lá, segundo ele, depende de uma série de outras definições do governo Lula, como fazer a reforma tributária, não retroceder nas reformas previdenciária e trabalhista natureza da reforma tributária, ou entrar na OCDE, por exemplo.

Fraga acha que não é necessário mudar a meta de inflação. Em sua opinião o BC já trabalha com um horizonte mais longo para a política monetária, que segundo a própria ata do Copom é o terceiro trimestre de 2024. Ou seja, a inflação pode cruzar este ano um pouco acima da meta, desde que chegue à meta no final de 2024. “Minha leitura é que isso já é uma flexibilização, e uma flexibilização adequada”.

O que ele considera que o governo Lula não pode perder de vista é a noção da importância do ajuste. Isso porque, em sua visão, o presidente da República está influenciado por pessoas que “prometeram a ele milagres, dizendo que não tem problema em se endividar e que pode tomar dinheiro emprestado sem limites”.

Um dos protagonistas da transição entre o governo FH e o primeiro governo de Lula, o ex-presidente do BC afirma que “se o presidente refletir sobre a própria experiência dele, talvez ele dispense essas ideias meio malucas que estão surgindo e siga um caminho que a meu ver é não só compatível com a busca da responsabilidade social, mas é necessário. Porque na bagunça fiscal, pode ter certeza que os pobres sempre perdem”.

Malu Gaspar – O Globo

Na primeira reunião do conselho político desde a posse, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou um recado aos ministros para que destravem as indicações partidárias para os cargos de segundo escalão do governo – e abram espaço nas agendas para receber parlamentares aliados.

Lula e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), pediram pressa nessas nomeações. A ideia é que os pedidos estejam, em sua maioria, atendidos até o Carnaval. Isso porque, na semana seguinte, devem começar as votações de interesse do governo no Legislativo.

Lula chegou a ser explícito na sua fala durante o encontro. “Já estamos há um mês e dez dias no governo. Não tem mais por que a gente não estar resolvendo todas as demandas que apareceram para o [Alexandre] Padilha, Jaques Wagner, [José] Guimarães e Randolfe [Rodrigues], para os líderes dos partidos que estão participando dessa frente parlamentar de sustentabilidade para a nossa democracia”, declarou.

Traduzindo: Lula quer acelerar as negociações dos cargos de segundo escalão, o que agradou os líderes aliados presentes. Em alguns ministérios, os titulares ainda não nomearam nem o secretário-executivo (número dois da pasta, que atua como ministro substituto quando necessário).

Aliados afirmam que, em algumas nomeações, há disputa com nomes propostos pelo próprio PT. Partidos de centro têm reclamado do “apetite” dos petistas por essas vagas. Um ministro representante dos partidos de centro disse ao blog que o PT adota o sistema de porteira fechada nos ministérios comandados pela sigla – ao mesmo tempo em que quer indicar aliados para as pastas sob comando de outras legendas. “Essa relação, se continuar assim, não vai dar certo e vai levar a derrotas do governo em votações do Congresso”, disse o ministro reservadamente ao blog do Valdo Cruz.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, precisa convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a parar de jogar contra seu próprio time. O alerta é de empresários ouvidos reservadamente pelo blog do Valdo Cruz nos últimos dias.

Eles afirmam que já foram convencidos por Haddad de que o governo terá uma gestão de responsabilidade fiscal. Falta, agora, convencer o próprio presidente Lula a encampar o discurso.

Na avaliação dos empresários, Lula está certo no conteúdo ao fazer críticas aos juros altos no país, mas vem errando na forma.

Segundo eles, fazer críticas públicas só gera mais instabilidade no mercado e assusta investidores, dificultando ainda mais o trabalho do Banco Central e da equipe econômica para reduzir a inflação no país.

O setor privado também quer a redução da taxa de juros. O patamar alto encarece investimentos e o custo financeiro das empresas, desestimulando o aumento da produção no país e a contratação de novos trabalhadores.

Os empresários destacam no entanto que, atualmente, a queda desses juros depende principalmente de sinalizações positivas do governo no sentido de reduzir as incertezas na área fiscal. Um empresário chegou a dizer que Lula está parecendo o ex-presidente Bolsonaro – que, ao longo do mandato, atacava a Petrobras por causa do preço alto dos combustíveis.

Na época, lembra esse empresário, a culpa não era da Petrobras, mas do mercado de petróleo no mundo. Hoje, a culpa pelos juros altos não é do BC, diz ele, mas das incertezas na área fiscal.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu, hoje, que os pais vacinem os filhos e disse que o programa Bolsa Família voltará a exigir a vacinação de crianças para a manutenção do benefício. Lula deu a declaração durante a inauguração das unidades de oftalmologia e diagnóstico do Super Centro Carioca de Saúde, em Benfica, na cidade do Rio de Janeiro.

Ele estava acompanhado da primeira-dama, Janja da Silva; da ministra Nísia Trindade, da Saúde; do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes; e do governador do estado, Cláudio Castro (PL).

“O Bolsa Família está voltando e volta com uma coisa importante, volta com condicionantes. Quais são? Primeiro, as crianças de até 6 anos de idade vão receber R$ 150 reais a mais. Segundo, as crianças têm que estar na escola. Se não estiverem na escola, a mãe perde o auxílio. Terceiro, as crianças têm que ser vacinadas. Se não tiverem atestado de vacina, a mãe perde o benefício”, afirmou Lula.

Uma quarta condição, segundo o presidente, é que a mulher beneficiária, se estiver grávida, “tem que fazer todos os exames que a medicina exige para que ela possa ter uma criança que nasça robusta, forte e bonita como eu”, completou.

Durante o discurso, Lula também criticou a postura do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia de Covid. Para Lula, o governo anterior foi responsável por “350 mil, 400 mil mortes”.

“Agora vai começar a campanha do Zé Gotinha. A gente não pode vacilar, não pode brincar. É uma questão da ciência. Eu, se tiver dez vacinas da Covid, cinquenta, para tomar, eu tomo quantas forem necessárias, porque eu gosto da minha vida. Eu acho que cada um tem que gostar da vida dos seus filhos, levar as crianças [para vacinar] na idade certa”, alertou presidente.

O economista Henrique Meirelles, que dirigiu o Banco Central por quase uma década, tem um conselho para seu ex-chefe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: pare de falar sobre taxas de juros.

Meirelles, que comandou a autoridade monetária durante os dois primeiros mandatos de Lula, tornando-se o mais longevo chefe do Banco Central no país, afirma que no final do ano passado estavam dadas as condições para o BC começar a flexibilizar a política monetária – com expectativas de inflação convergindo para a meta e operadores apostando que um corte nas taxas poderia ocorrer já em março.

A situação mudou desde então. Por semanas, os economistas aumentaram constantemente as previsões de inflação para se ajustar aos planos de Lula de elevar os gastos sociais. O clima azedou completamente depois que o presidente questionou a necessidade de um Banco Central independente em uma entrevista na TV em 18 de janeiro, sugerindo também que a meta de inflação deveria ser maior para não impedir o crescimento econômico. Agora, os operadores do mercado não esperam um corte de juros antes de setembro.

Os comentários de Lula, disse Meirelles em entrevista, estão enraizados em uma velha escola de pensamento que ficou conhecida como a “Nova Matriz Econômica” durante o governo de sua sucessora, Dilma Rousseff, e que prega que uma inflação mais alta pode permitir um crescimento mais forte.

“Evidentemente sabemos pela história e pela experiência que é o contrário: inflação mais alta reduz a taxa de crescimento”, disse o ex-presidente do Banco Central no escritório de sua casa em São Paulo, cercado por bandeiras do Brasil, do estado de São Paulo e de seu estado natal, Goiás.

Foto: RICARDO STUCKERT/PR

 

O terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completa um mês nesta terça-feira (31) marcado por decisões que remontam à época em que o Brasil emprestou dinheiro para ditaduras da América Latina que até hoje devem ao país e por crises políticas.

Logo na primeira agenda internacional do chefe do Executivo federal, quando visitou a Argentina, há uma semana, Lula disse que fará um “esforço” para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) volte a financiar projetos de países vizinhos.

Ele pretende ampliar financiamentos do banco principalmente em países da América Latina, mas os parceiros atuais do BNDES somam R$ 5,1 bilhões em dívidas com a instituição. Os principais calotes são dos governos ditatoriais de Cuba (R$ 1,1 bilhão) e Venezuela (R$ 3,5 bilhões).

Tropeços em acordos comerciais internacionais

O presidente brasileiro tentou atrapalhar as negociações do Uruguai com a China para firmar um tratado de livre-comércio com a nação asiática. Junto com Argentina e Paraguai, o Brasil passou a questionar o acordo e teme que o Uruguai possa ter resultados mais positivos por importar produtos fora da Tarifa Externa Comum, um pacote de taxas que é aplicado em produtos e serviços negociados por todos os países do Mercosul.

Apesar da investida de Lula, o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, garantiu que “o Uruguai vai avançar nas suas negociações com a China”. “O Brasil pode paralelamente fazer seu caminho e, após isso, nós vamos compartilhar tudo o que foi negociado, e o Uruguai pode se ajustar ao que o Brasil propuser.”

Atrito com militares

O primeiro mês do governo de Lula ainda teve episódios polêmicos envolvendo as Forças Armadas. Depois do ataque de extremistas a Brasília em 8 de janeiro, o presidente afirmou estar convencido de que algum militar facilitou a ação dos vândalos. “Teve muita gente conivente, muita gente da PM conivente, muita gente das Forças Armadas conivente.”

O episódio de vandalismo na capital federal gerou um mal-estar do presidente com o general Júlio César de Arruda, que comandava o Exército — ele acabou exonerado. Outro fator que contribuiu para a saída dele foi a resistência a impedir a promoção do tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Até o momento, Lula já dispensou 95 militares que atuavam na Presidência da República, entre eles vários servidores que trabalhavam no Palácio da Alvorada e na Granja do Torto.

Polêmica com golpe

Ao longo de janeiro, por diversas vezes o presidente tratou o impeachment de Dilma Rousseff (PT) como golpe e se referiu ao ex-presidente Michel Temer (MDB) como “golpista”.

Em visita à Argentina nesta semana, o chefe do Executivo federal criticou o processo conduzido pelo Congresso Nacional. “Vocês sabem que depois de um momento auspicioso no Brasil, quando governamos de 2003 a 2016, houve um golpe de Estado. Se derrubou a companheira Dilma Rousseff com um impeachment. A primeira mulher eleita presidenta da República do Brasil”, disse Lula.

As falas dele fizeram com que ao menos dois deputados apresentassem pedidos de impeachment. Além disso, a Advocacia-Geral da União (AGU), o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) foram acionados para investigar as declarações de Lula.

Ministra do Turismo

O presidente enfrentou críticas pelas denúncias contra a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, conhecida como Daniela do Waguinho (União Brasil), por ligação com Juracy Alves Prudêncio, o Jura, condenado por chefiar uma milícia na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.

Além disso, Daniela usou dinheiro público para alugar um escritório no Rio de Janeiro por um valor aproximadamente três vezes maior do que a média cobrada nos imóveis da região. Em quatro anos, foram gastos por ela R$ 141 mil com aluguel em Belford Roxo (RJ). A despesa foi paga pela Câmara dos Deputados.

R7

Fotos: Ricardo Stuckert

 

A governadora Fátima Bezerra apresentou na reunião do Fórum Nacional dos Governadores com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta sexta-feira (27), as propostas do Rio Grande do Norte para inclusão no plano de obras e ações prioritárias do governo federal para 2023. Elas estão relacionadas a investimentos em melhorias da malha viária, segurança hídrica e construção de um novo hospital de traumas para desafogar os serviços do Walfredo Gurgel.

“Obras como a duplicação da BR-304; o ramal Apodi, que vai levar água da transposição para o Oeste Potiguar; a conclusão do Complexo Oiticica e da adutora do Seridó são muito importantes para o desenvolvimento do nosso Estado, assim como é imprescindível a construção de um novo hospital de urgências em Natal”, disse a governadora, ao final da reunião com o presidente da República.

No encontro com os governadores, convocado pelo presidente como uma demonstração de retomada do pacto federativo, Lula disse que o Banco do Nordeste vai financiar projetos estaduais em sua área de atuação e que o BNDES voltará a ser um banco de desenvolvimento. “O dinheiro que o BNDES captar deve ser repartido com investimento para pequena e média empresa, para grande empresa, para os Estados e municípios dependendo da qualidade e importância da obra”, explicou.

Lula também prometeu rediscutir a questão da perda de arrecadação dos Estados provocada pela redução das alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O Fórum Nacional dos Governadores estima que a medida, aprovada no segundo semestre do ano passado, em meio a execução do orçamento de 2022, vai provocar uma perda de R$ 33,5 bilhões na arrecadação dos Estados. “Isso é uma coisa que vamos ter que discutir. Podemos acertar, podemos dizer que não pode ou que pode, mas não vamos deixar de discutir nenhum assunto com vocês”, disse o presidente na abertura da reunião com os governadores.

“Foi uma reunião de extrema importância para reestabelecer uma nova relação entre os entes federativos do Brasil, pautada no diálogo, na solidariedade e no desejo da retomada da normalidade no nosso País”, disse a governadora, elogiando a iniciativa de criação do Conselho Federativo que será formado por representantes da União, dos Estados e dos Municípios. “É nesse conselho tripartite que vamos tratar, através do diálogo e da pactuação, das demandas de nossa população”, ressaltou.

Fátima Bezerra entregou ao presidente a carta aprovada no encontro do dia anterior dos governadores, em que os chefes de executivo dos Estados e do Distrito Federal reivindicam, entre outras medidas, a implementação imediata de um plano abrangente e sustentável que restabeleça o equilíbrio fiscal dos entes federados, a exemplo do já aventado Plano Mansueto.

Pleitos

A governadora Fátima Bezerra retorna a Natal na noite desta sexta-feira, encerrando uma extensa agenda administrativa ao longo da semana com ministros, a quem apresentou pleitos de interesse do Rio Grande do Norte para melhoria dos serviços de saúde, estradas, produção de energias alternativas, infraestrutura hídrica, habitação popular, turismo, agricultura.

O Ministério da Saúde anunciou hoje a liberação de R$ 600 milhões destinados a Estados e Municípios para a retomada de cirurgias eletivas, exames complementares e consultas especializadas que ficaram represados nos últimos anos em função da pandemia.

Na quarta-feira (25), o ministro Renan Filho assegurou a liberação de recursos para conclusão das obras de duplicação da Reta Tabajara e recuperação de trechos críticos em rodovias federais que cortam o RN.  O Plano do Ministério dos Transportes para os 100 primeiros dias de gestão do governo Lula prevê a entrega de cinco projetos em território potiguar até abril e lançamento de duas licitações para contratações de obras de manutenção ainda em fevereiro.

Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

 

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vai conversar nesta sexta-feira (27) com governadores dos 26 estados e do Distrito Federal, que vão cobrar do chefe do Executivo federal alguma medida para compensar as unidades da Federação que tiveram prejuízo com a arrecadação de ICMS sobre combustíveis.

No ano passado, o Congresso Nacional aprovou e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou um projeto de lei que fixou um teto de 18% para a cobrança do imposto sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações, gás natural e transporte coletivo. Um dos pontos da proposta previa que estados e municípios fossem compensados mês a mês pela União caso a queda na arrecadação do ICMS fosse superior a 5% em relação a 2021.

A forma de indenização, contudo, não saiu do papel. O Supremo Tribunal Federal (STF) foi acionado para mediar uma proposta de conciliação entre governo federal as unidades da Federação, e até criou uma comissão especial com representantes da União e dos entes federativos, mas o grupo terminou os trabalhos sem firmar um acordo sobre como será feita a compensação.

Nessa quinta-feira (26), representantes dos 26 governos estaduais do país e do DF estiveram em Brasília para participar do Fórum Nacional de Governadores, e a maioria concordou que já está na hora de o Executivo federal apresentar uma proposta de ressarcimento.

“Temos um ponto comum que é o restabelecimento das contas dos estados. Vamos levar a questão da recomposição fiscal e na sequência falamos dos projetos prioritários”, afirmou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

R7

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

 

O governo federal pretende nacionalizar o programa que obriga a instalação de câmeras em uniformes de policiais militares. Já implementada em São Paulo e Santa Catarina, a medida é vista como uma ação de enfrentamento aos casos de violência institucional no País.

O uso dos equipamentos foi tema de debates na última campanha para o governo de São Paulo. Na época, o atual governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), chegou a criticar publicamente a utilização, mas, no início de janeiro, após assumir o cargo, ele recuou e decidiu manter a iniciativa.

A advogada e coordenadora do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), Tamires Sampaio relata que o governo ainda pensa em estratégias para garantir a adoção dos equipamentos. Segundo Sampaio, duas ações discutidas envolvem o repasse de verbas federais e diálogos com entidades que representam os agentes de segurança.

 SBT News

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